Enxergar


 

Ter fé, acreditar. Mas, acreditar no quê? Ter fé em quem?

Energias vêm e vão a todo o momento em nossas vidas, elas querem nos dizer algo. É sobre a existência. Existir é um pecado ou uma dádiva? São tantos os ventos que nosso toca. Nos mais sensíveis, este evento despeja uma carga emocional que gera dúvidas conflitantes.

Duvidar é necessário para se obter o conhecimento de qualquer coisa, não é em vão que quando crianças perguntamos tanto, duvidamos mesmo depois de crescidos, querendo ou não. Escolhemos. Uma série de fatores nos influencia a tomar uma decisão por algo. É preciso confiar.

A confiança é movida por uma verdade, para desconfiar é necessário ter princípios, ou seja, ter uma concepção prévia. É daí que surgem os pré-conceitos. Estabelecemos parâmetros para julgar coisas e pessoas, em alguns momentos somos tão maniqueístas que nem nos damos conta disso.

O bem precisa destruir o mal, e este mal é o outro. Ele e tudo que o acompanha, tudo o que ele acredita precisa desaparecer para que todos vivam em paz, isso se ele não aceitar parecer comigo. Se caso seja feita a escolha por essa segunda alternativa, poderemos ver se há um lugar para esse ser estranho no nosso mundo.

A aparência precisa ser notada.

Não é difícil reconhecer os diferentes, na “Microfísica do poder” Michel Foucault fala um pouco sobre alguns desses personagens estranhos. Mas não é exatamente sobre eles que estou falando, alinho a ideia desse texto à concepção do “outro” de Jean Paul Sartre, ele diz que projetamos tudo aquilo que não queremos ser, o mal, nesse outro.

O outro provoca medo, ele, por algum motivo, não se enquadra na estrutura pré-estabelecida. Frantz Fanon também escreve sobre esse “outro”, para ele este é o colonizado.

É através da fé que esse ser colonizado encontra uma válvula de escape para viver em harmonia com as pessoas do mundo em que ele está inserido, ele atribui a Deus a causa de todos os males ocorridos em sua vida, como se o sofrimento fosse um estágio de evolução. Porém, o responsável por isso é um ser de carne e osso.

Segundo Sartre, esse ser de carne e osso precisa olhar para si mesmo e rever os seus atos. Fanon diz que a autocrítica é uma instituição africana. É necessário que haja abertura no modelo pré-concebido.

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